sábado, 28 de setembro de 2013

ANOS 60 EM ROLÂNDIA ( NORTE DO PARANÁ ) BRASIL

SOU DO TEMPO DOS CARRÕES CONVERSÍVEIS.. DO TEMPO EM QUE COMEÇOU O ROCK AND ROLL... NOS TEMPOS DA BRILHANTINA... CALÇA BOCA DE FUNIL.. . BOTINHAS... TEMPOS DOURADOS... IÊ´´IÊ..IÊ... CADEIRAS NAS CALÇADAS... BAILINHOS... GORDINES.. KHARMAN GHIAS... FUSCAS... SOU DO TEMPO EM QUE SE DANÇAVA DE "ROSTO COLADO".. . MÚSICA LENTA.. SOU DO TEMPO DOS "BEE GEES"...  DO TEMPO DA "CUBA LIBRE"... DO TEMPO EM QUE TOMAR UM PORRE ERA TOMAR UMA  CAIPIRINHA OU UM "RABO DE GALO" PARA IR AO BAILE... DO TEMPO EM QUE APRONTAR ERA FUMAR ESCONDIDO OU FURTAR O PÃO QUE O PADEIRO DEIXAVA DE MADRUGADA NAS CASAS... SOU DO TEMPO EM QUE O ALUNO ERA LEVADO A DIRETORIA SE NÃO FIZESSE A LIÇÃO DE CASA... SOU DO TEMPO EM QUE FALAR PALAVRÃO ERA MANDAR ALGUÉM  "À M...."... SOU DO TEMPO EM QUE SE PEDIA A BENÇÃO PARA OS PAIS... DO TEMPO EM QUE OS FILHOS AMAVAM E RESPEITAVAM OS MAIS VELHOS... DO TEMPO EM QUE OS FILHOS AJUDAVAM OS PAIS... SOU DO TEMPO EM QUE TODOS OS PAIS LEVAVAM OS SEUS FILHOS NA IGREJA E DAVAM BONS EXEMPLOS... SOU DO TEMPO EM QUE UM MENINO OU MENINA GANHAVA UMA OU DUAS ROUPAS POR ANO... SOU DO TEMPO EM QUE IOGURTE, COCA-COLA E MAÇA ERAM ARTIGOS DE RICOS...  SOU DO TEMPO EM QUE BRINQUEDO BOM ERA UM CARRINHO DE ROLEMÃ...  BIBLIOQUÊ... PEÃO  E BOLINHAS DE GUDE... SOU DO TEMPO EM QUE AS CRIANÇAS BRINCAVAM NA RUA ATÉ DE NOITE E NÃO HAVIA PERIGO... NO MÁXIMO ALGUMA BRIGA COM SOCOS... UM OLHO ROXO... SOU DO TEMPO EM QUE 90% DAS CRIANÇAS ANDAVAM DESCALÇOS, COM ESTILINGUE NO PESCOÇO E EMBORNAL CHEIO DE PEDRAS DO LADO... SOU DO TEMPO EM QUE MOLEQUE SÓ COMIA FRUTA SUBINDO NA ÁRVORE.. SOU DO TEMPO EM QUE QUASE TODO MENINO FAZIA O SEU PRÓPRIO BRINQUEDO USANDO SERROTE, MARTELO, ARCO DE PUA E FORMÃO.. SOU DO TEMPO EM QUE OS  POLITICOS ERAM MAIS HONESTOS... DE UM MEIO AMBIENTE MELHOR... DE TEMPO EM QUE TÍNHAMOS MUITAS PESSOAS MORANDO NA ROÇA... DO TEMPO EM QUE SE COMIA MELHOR... COMIDA SEM AGROTÓXICO... DO TEMPO EM QUE O LEITEIRO TRAZIA O LEITE TODO DIA NA CIDADE COM SUAS CARROÇAS... DE CASA EM CASA... DO TEMPO EM QUE O PADEIRO ENTREGAVA O PÃO DE CASA EM CASA... DE MADRUGADA... COM SUAS CORROÇAS... SOU DO TEMPO EM QUE SANDUICHE ERA APENAS  PÃO  E MORTADELA... SOU DO TEMPO EM QUE COMER BEM ERA ARROZ, FEIJÃO, SALADA, BIFE E GUARANÁ ANTARTICA... SOU DO TEMPO EM QUE MACARRONADA ERA A COMIDA ESPECIAL DO DOMINGO... SOU TEMPO EM QUE O CINEMA ÉRA MÁGICO... SOU DO TEMPO EM QUE ASSISTIR TARZAN  OU BONANZA ERA O MÁXIMO... TODOS PARAVAM PARA ASSISTIR... SOU DO TEMPO DOS IRMÃO CORAGEM E DO BEM AMADO... DO TEMPO EM QUE OS RIOS TINHAM ÁGUA LIMPA... DO TEMPO EM QUE SE PODIA ANDAR PELAS RUAS DE MADRUGADAS SEM MEDO DE NADA... EU VIVI OS ANOS DOURADOS.. EU VIVI OS ANOS 60 NO NORTE DO PARANÁ... JOSÉ CARLOS FARINA
COMENTÁRIOAparecida Herrmann só saudades Farina e a culpa é nossa, achavamos que tinhamos "Pais" rigidos demais que eram quadrados e tudo o mais então as vezes falavamos (ou pensavamos) quando eu crescer e tiver meus filhos vou dar a eles tudo que não tive,ta ai a resposta eu que hoje tenho meus filhos me sinto culpada por ter sido como dizem tão condenscendente,certo estavam os meus "Pais",o mundo evoluiu claro que bom,mais em muita coisas regredimos nós, eu tenho saudades desse tempo e Graças a Deus ainda temos muita coisa boa acontecendo belo texto

domingo, 8 de setembro de 2013

FARINA E SEU TEMPO DE ESTUDANTE PRIMÁRIO EM ROLÂNDIA - ANOS 60

TINHA UMA PARTE BOA...

Eu  estudei o curso primário no Grupão Souza Naves de Rolândia, norte do Paraná... No tempo da Dona Marli Diretora.  No recreio serviam sopa de fubá (rs).... tinha que trazer o prato....(eu não levava não!) Só comia lá quando serviam leite preparado com  o pó mandado de presente pelo presidente John Kennedy (Aliança para o Progresso)... As vezes serviam pão com pasta de aveia.... Ai ninguém ficava de fora.... No intervalo os marmanjos queriam bater nos mais pequenos e mais fracos... Como não sou bobo fiz amizade com o Ladislau (um cara super respeitado)...  Um dia um grandão queria me bater (devo ter aprontado alguma) na hora "h" adivinha que chegou pra me salvar? acertaram... O Ladislau.... Lembro-me que a gente arrancava espinhos de carrapicho e jogávamos por trás nas roupas dos colegas, sem que eles soubessem. Tinha um colega que trazia máquina fotográfica sem filme e colocava todo mundo para tirar foto em cima do muro. Uma vez eu e mais dois colegas não fizemos o dever de casa e fomos levados para a sala da diretora Marli que era um carrasco. Vinte reguadas cada um nas mãos. Quando ela foi bater no primeiro quebrou a régua... os outros idiotas ( inclusive eu) rimos... aí ela de raiva pegou duas juntas.. bem espessas.. e aumentou a dose para 30... aí aí.. por que fomos  rir? fiquei com a mão vermelha o dia inteiro.. Um dia joguei pó de mico nos colegas na hora da fila.. quando entramos parecia que todo mundo tinha endoidado.. menos eu.. era tral de coça.. coça... (comecei a me coçar tbm para disfarçar). chamaram a dona Marli para revistar para descobrir o autor da proeza...quando chegou a minha vez ela nem revistou  direito.. eu tinha cara de bonzinho... hehehe.. Enfim.. acabou a aula .. fomos para casa tomar banho... Eu era amigo do Mauro Rodrigues (ainda sou) e um dia encontramos um filhote de pardal na entrada  do Grupão.... O Mauro muito sacana falou: - Farina pega pra vc é filhote de canarinho!.... Inocentemente acreditei  e coloquei o filhote no bolso do Guarda Pó (uma espécie de jaleco)...rs... No meio da aula o filhote escapou e a molecada endoidou pra pegá-lo... resumindo... acabou a aula.  Da janela da sala vi que o filhote entrou no porão da sala. Na saída fui lá e o peguei e o levei para casa.  Acabei levando uma bronca do meu saudoso pai: - "Solta este passarinho Zé Carlos, vc não está vendo que é um filhote de Pardal!... Acabei criando o pardal na gaiola por uns tempos... Se na época existisse o atual Estatudo da Criança e Adolescente terminaríasmos o ano letivo sem professoras. Eu acho que apanhei de todas as professoras do primário. Lembro-me que uma vez errei a tábiado do 8 e a professora não só puxou a minha orelha.. ela torceu.. eu acho que é por isso que tenho orelhas grandes. Tinha uma professora que era doida varrida.. ela gritava.. tacava gis.  tacava apagador. pulava um metro de altura quando tinha xiliques... A violência era tão grande que a diretora Marli uma vez deu um banho em um colega meu na frente de todo a Escola só porque ele não tinha lavado os ouvidos e cortado as unhas.. pode?? Orra. nesta hora eu aparei as minhas unhas compridas no dente... No recreio a criançada brincava de biblioquê ( eram centenas).. tinham uns caras bons mesmo.. começavam a dar "piruetas" e não paravam nunca.. faziam milhares de pontos.. brincávamos de peão ( tinha tbm uns caras ótimos).. eles acertavam os peões que estavam no roda e ficavam com os brinquedos.. Brincávamos tmb de bolinha de gude.. aqui tbm a mesma coisa.. tinha uns caras que acertavam as bolinhas de longe.. e iam "rapelando" a molecada.. brincávamos tbm de "salva".. Pena que o intervalo acabava logo e lá íamos nós enfrentar  as professoras bravas... JOSÉ CARLOS FARINA

quinta-feira, 12 de julho de 2012

DOIS AVENTUREIROS DE ROLÂNDIA , NORTE DO PARANÁ

Mudei os nomes das pessoas. É que não tenho autorização para contar a seguinte história real: Nos anos 70 o mineiro Eduardo foi passear na região de Ortigueira-Pr. com a família. Ao sair de casa tomou umas branquinhas e na estrada mais algumas. Já meio alegre parou o carro para abastecer próximo a cidade de Faxinal. Enquanto o frentista abastecia o carro Eduardo encostou na "bomba" e teve a impressão de  ter levado um choque. O frentista riu do episódio. Como Eduardo não gosta de brincadeiras discutiu com o rapaz e para não fazer "burrada" perto da família veio embora  para Rolândia. Era um domingo e chovia bastante. Deixou a família em casa, pegou duas perucas loiras, dois revólveres e uma carabina e foi na casa do seu irmão Gilberto, que sempre o acompanhava em todas as suas proezas. Ao chegar na casa de Gilberto recebeu a informação da mãe que o mesmo estava no cinema com a namorada. Eduardo não se fez de logrado, foi até o cinema... Ao chegar na portaria o rapaz da bilheteria vendo aquela figura com uma peruca loira na cabeça, dois revólveres Colt 38 na cintura e uma carabina na mão direita, nem pediu o ingresso... já foi autorizando a entrada. O filme já tinha começado... no meio da escuridão, Eduardo que já tinha tomado mais "uma"  no Bar Cinelândia começou a gritar: - Gilberto!... Gilberto!... O irmão ao ouvir o seu nome conheceu  o sotaque do irmão e foi lá ver o que tinha acontecido e perguntou: - O que foi Eduardo? o que aconteceu "pro cê"  me procurar aqui e com este peruca na cabeça? Eduardo respondeu: - vem comigo que nós vamos matar um sujeito que me desacatou na presença de minha família lá em Faxinal.... Gilberto para evitar maior escândalo levou a namorada pra casa e entrou no carro do irmão que seguiu em direção a Faxinal em meio a forte chuva. Gilberto ia argumentando com o irmão: - deixa isso pra lá... ninguém te conhece lá em Faxinal... pra que matar um sujeito que você nem conhece? Eduardo retrucou: - Mas eu não posso aceitar isso... ele não podia me desacatar assim.. Depois de muito insistência e vendo que não tinha jeito mesmo, Gilberto sentenciou: - Então pára em um buteco ai para eu tomar uma dose, pois eu não posso matar um sujeito que eu nem conheço com o sangue frio... E assim fizeram.. pararam num bar beberam várias doses e depois da meia noite, já bastante bêbados foram até o posto para executar o frentista. Mas chegaram muito tarde e o posto já estava fechado. Assim acabaram voltando para casa bêbados e o máximo que fizeram foi descarregarem os dois revólveres nas placas da beira da estrada e riram bastante de loucura que quase fizeram. JOSÉ CARLOS FARINA

quinta-feira, 15 de março de 2012

JOSÉ FARINA FILHO - PIONEIRO EM ROLÂNDIA - PR.




JOSÉ FARINA FILHO
O Sr. José Farina Filho  nasceu em  Jardinópolis-SP. aos 02 de outubro de 1928, faleceu em Rolândia-Pr. no dia  22 de setembro de 2006, aos 77 anos de idade.
Sr. José Farina Filho  era casado com a Sra. Sebastiana Martin Farina e tinha 6 filhos, Pedro Argemiro e Marco Antonio (comerciantes), Paulo Ademir (engenheiro), José Carlos (advogado),  Maria Dolores e Sandra  Mara (professoras), 14 netos e uma bisneta.
Foi pioneiro do município da gleba cafezal onde chegou em  1940 em companhia dos pais José e Adelaide e dos irmãos Antonio, Irineu e Laura. trabalhou na lavoura até 1953, derrubando mata, plantando, colhendo e comercializando lenha para os moradores da cidade que utilizavam este combustível para os fogões.
De 1953 até a sua aposentadoria foi corretor de imóveis, chegando a vender terras para a Companhia de Terras Norte do Paraná, na região de Umuarama e Uniflor. Sempre usando chapéu de feltro e óculos, era muito conhecido também pelo seu inconfundível Jipe Wilys 1951, verde.
Como agricultor e depois corretor de imóveis ajudou a desbravar o interior do Município,  trazendo compradores de terras de outras regiões e de outros Estados, que acabaram se fixando em Rolândia, aumentando ainda mais as nossas riquezas e produção. Naquela  época não havia estradas asfaltadas e o serviço do corretor era muito duro. Quando era época de estiagens havia muita poeira e em ocasiões de chuva era quase que impossível o deslocamento de veículos, mesmo que fossem jipes. Seu conhecimento era tão grande sobre  o nosso município que até poucos anos atrás conhecia lote por lote, gleba por gleba, os antigos proprietários.
Além do amor pela nosso município, pelas nossas terras e  pela família, tinha também muito amor pelo Nacional Atlético Club, o NAC,  time de seu coração, onde chegou a exercer o cargo de diretor de publicidade, fazendo a propaganda dos jogos através de alto-falantes  ambulante em Rolândia, Cambé, Arapongas e Jaguapitã, convocando a torcida para comparecerem ao estádio em dia de jogos. Os filhos jogavam os panfletos na rua.
O Sr. José Farina Filho não perdia nenhum jogo do Nacional, mesmo que o time se  apresentasse  em locais distantes. Com o seu radinho de pilha colado no ouvido não  perdia nenhum lance. O seu grito era sempre este: Vamos! vamos lá Nacional! aí garoto!  muito bem!
Após se aposentar em 1992 trabalhava todo dia na Eletrônica Central, localizada na Av. Expedicionários, 65,  consertando  chuveiros e ferros elétricos, trabalho que fazia com muito amor, mais como uma distração.
Como pioneiro, corretor de imóveis e técnico de chuveiros  angariou muitos amigos, que compareciam diariamente para conversar  sobre  muitos assuntos. Mesmo tendo estudado apenas o antigo curso primário, tinha uma boa cultura, e durante muitos anos lia jornais diariamente e não perdia sequer um Jornal Nacional estando sempre bem informado sobre todos os assuntos e também sobre a política nacional e municipal.
Tudo o que conseguiu através do seu trabalho como  agricultor, corretor e depois comerciante investiu em Rolândia, a  cidade do seu coração, onde ainda moram sua esposa, seus 6 filhos, netos, bisneta, irmãos e sobrinhos, e onde estão sepultados os seus pais, sogros e um irmão. JOSÉ CARLOS FARINA 
FOTO - JOSÉ FARINA FILHO com o autor deste artigo.

sábado, 31 de dezembro de 2011

UMA VIAGEM DE TREM PELO NORTE DO PARANÁ


Uma viagem inesquecível

Aconteceu nos anos 70.  Eu, minha querida mãe e meu  primo    Toninho      (sempre presente em quase todas as minhas aventuras). Viagem de Rolândia à São Paulo onde fomos passear na casa de parentes. Saímos de Rolândia por volta das 21 horas. Tinha na época 16 anos. Tudo nesta viagem foi maravilhoso. Foi a minha primeira viagem de trem. Lembro-me da  ansiedade até que o trem apareceu com aqueles faróis poderosos, soltando fumaça e aquele barrulhão do motor. Meu coração acelerou. O chefe da estação que portava um bonito quepe bateu o sino de bronze anunciando oficialmente a chegada do trem. Embarcamos. Minha mãe ( que era a primeira vez que viajava sem a presença do meu saudoso pai) acenava chorando ao início da marcha do trem. Ficamos olhando o meu pai e irmãos na plataforma da estação até sumirem. Mal começou a viagem a minha mãe pegou um rosário e começou a rezar pedindo proteção para a viagem. A preocupação dela era que o meu tio João não estivesse esperando na Estação Sorocabana em São Paulo. Por volta da meia noite fiquei entendiado com a lentidão da viagem, e não conseguindo dormir com o balanço e barulho do atrito das rodas de aço nas  emendas dos trilhos, fui até o vagão refeitório onde comprei uma revista. Sentei ao lado de uma das mesas para ler. Pedi uma bebida e  um maço de cigarro. Minha mãe preocupada com a minha demora e já chorando achando que tinha caído para fora do trem, mandou o meu primo me procurar. Me encontrou lá no refeitório com toda pose, sentado, lendo, fumando e bebendo ao lado de dois garçons vestidos com ternos brancos. Sendo meu primo morador da roça ficou com vergonha de entrar ali, só acenou com a cabeça e voltou pra contar o que viu. Até hoje ele ri muito ao descrever esta cena.  Ao amanhecer  eu e meu primo fomos para o último vagão onde havia uma espécie de varanda. Eli fumando um cigarrinho íamos contemplando as belas paisagens. Os lavradores paravam de carpir ou arar a terra para acenar para nós. Nos sentíamos muito importantes ao recebermos estes acenos. Minha mãe continuava a rezar com o rosário na mão. Só parava para mandar o cobrador de bilhetes nos avisar para não irmos muito longe (como se isso fosse possível). A uma certa altura da viagem, já chegando em São Paulo, eu e meu primo ficamos na "paquera" em frente o vagão de sanitários. Estava encostado na porta do sanitário feminino quando, em uma curva, a porta abriu e eu fui arremessado para dentro. Acabei  machucando a perna com o impacto  no vaso sanitário (Ainda bem que não tinha nenhuma mulher lá dentro). Meu primo ri até hoje desta proeza. A viagem foi muito emocionante do começo ao fim. A parte ruim era aguentar o cobrador de cinco em cinco minutos querendo ver os bilhetes e os vendedores de revistas, jornais, sanduíches e pratos feitos. Eles passavam a todo instante gritando: - Olha o sanduíche... prato feito.. revistas.. (como coisa que a gente não sabia!...). Os cara eram reconhecíveis até no escuro. Portavam um paletó preto com o distintivo da RVPSC (Rede Viação Paraná Santa Catarina) e um quepe da mesma cor, com  emblema de bronze. Pareciam uns generais. Interessante que eram todos gordos. Eu acho que ele mais comiam aquela comida do que vendiam. A viagem durou uma noite mais  meio dia. A cada cinco minutos, quando enfim o trem embalava, tinham que parar... Mais uma estação. Daqui em São Paulo eu acho que haviam mais de 1.000 estações. Nunca vi coisa igual. Minha mãe quando viu o meu tio João nos esperando na Estação em meio a tanta gente só faltou pular em cima dele tamanha a alegria.  Saímos com o meu tio, carregando malas enormes em meio a multidão. Com medo de me perder do meu tio andei levando uns safanões, pois mesmo sem querer acabei acertando as canelas de alguns transeuntes. E as malas antigas eram feitas de uma material que parecia casco de tartaruga. Doía muito a pancada. Nunca tinha visto tanta gente junta. Parecia um formigueiro. Pensava: haja trens para levar todo mundo. Já ao lado do meu tio minha mãe agora ia rezando agradecendo o sucesso da viagem. Mas, falando sério, foi a viagem mais emocionante que tive na minha vida até hoje.  Dificilmente vou fazê-la de novo, pois nem mais trem de passageiros temos.  JOSÉ CARLOS FARINA - ROLÂNDIA - PR.

OBS.: Na 1ª Foto o meu primo Toninho. Ele não é louco não. A foto foi tirada na festa de um casamento da família. É claro que tinha bebido um pouco.... Na 2ª um trem daquela época (museu do trem de Baurú)...